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domingo, 27 de março de 2011

O paradigma de coitado

Recentemente li neste respeitável Blog, um texto... não, um texto não...um excelente texto do Sr. Delegado de Policia Archimedes Marques onde ele expunha as novas diretrizes do trabalho policial e uma mudança de paradigma do mesmo (http://osmunicipais.blogspot.com/2011/03/novos-paradigmas-no-uso-da-forca.html).

Muito bem, mas o que é um paradigma? Recentemente assisti ao vídeo de Joel Barker intitulado “Pioneiros do Paradigma” onde ele explica as nossas vidas através do paradigma que criamos e devemos abstrair-nos deles para assim aceitarmos novas idéias e visões e conseguirmos a evolução.

“Foi Thomas Kuhn, físico norte-americano, que organizou as idéias em torno do significado atual da palavra “paradigma”. Em seu livro, “A Estrutura das Revoluções Científicas” publicado em 1962, ele argumenta que para solucionar os problemas que encontram os cientistas utilizam certos “mapas” que reúnem o conhecimento disponível e dá, a esses mapas, o nome de “paradigmas” (do grego “parádeigma”, cuja tradução, em português, pode ser, literalmente, “modelo”).

Paradigmas, de acordo com Kuhn, reúnem informações ou limitam o território em que se procuram as soluções para os problemas que são enfrentados. E cada problema solucionado reforça a crença no paradigma estabelecido.” – Fonte: http://www.aglo.com.br/blog/?p=680

No decorrer do filme e até o presente, fiquei lembrando dos paradigmas que assolam a nossa instituição e das síndromes que possuímos. Se perguntarmos para os integrantes o que eles almejam da nossa instituição no presente e no futuro e como eles vêem a Instituição no futuro, receberemos os mais variados tipos de respostas, mas uma boa parte (senhores críticos, digo “boa parte” e não “a maior parte” ou “grande parte”...) de pensamentos pessimistas, acompanhados de uma falta de estímulo para desempenhar com excelência o nosso papel. Ou seja, muitos sofrem de uma espécie de “paradigma de coitado”, pois todos são culpados por tudo de ruim que aconteceu, acontece ou acontecerá, e a Instituição não tem expectativa de avanço e que a regressão ou extinção é quase certa, senão, inevitável.

Mas, será mesmo? Segundo Thomas Kuhn, traçamos em nossa mente um modelo das coisas, como acreditamos que seja, a vida sob a nossa óptica, ou seja, nossos paradigmas, e baseado nestas visões, não conseguimos enxergar as coisas de uma outra forma, pois estamos presos a estes paradigmas criados ou impostos a nós. E muitos problemas foram resolvidos ou dogmas foram derrubados por pessoas que não estavam ligadas diretamente a eles. Ou seja, cria-se um conceito e pensa-se que este seja uma verdade inabalável e não aceita-se nada que seja contrário a este conceito ou dogma.

“Não consegue enxergar o outro lado da laranja.”

Quero com isto, lembrar e conscientizar o que muitos falam, mas que parece que nós mesmos não conseguimos enxergar... as Guardas Municipais estão em voga no presente. Se amanhã ou depois as Polícias Militares se municipalizarem, creiam os senhores, não é porque eles são o “supra-sumo” da segurança pública nacional e sim, que a municipalização das polícias em todo o mundo é uma verdade e que o modelo de policiamento exercido pelas Guardas Municipais em todo o Brasil, mesmo que de forma precária, é um sucesso.

Todos estão interessados nas Guardas Municipais. As polícias estaduais, a União (Ministério da Justiça), órgãos governamentais e instituições privadas diversas... nós somos o patinho feio mas que começamos a dar os primeiros sinais que poderemos nos tornar belos cisnes no futuro. Falta muita coisa? Sim, é evidente, não devemos ser hipócritas, é uma luta desleal, Sanção versus Golias, mas temos “n” probabilidades de sucesso.

Mas dentre muitas coisas faltantes, uma não deve faltar jamais... o comprometimento de seus integrantes, a fé na sua pessoa, nos seus lideres e a certeza da execução do seu melhor. Abandonar velhos paradigmas é algo difícil? Sim, é evidente que é, são verdades que cultuamos às vezes, por uma inteira, mas devemos tentar modificar, olhar o outro lado da laranja. Quem apenas olha para baixo, conseguirá ver as pernas feias do pavão, mas jamais a beleza esplendorosa da sua cauda em leque. Um processo demorado, mas em tudo há um começo.

Lembro-me que a pouco mais de 10 anos era tachado como um alcoólatra sem esperanças, um dia me conscientizei que precisava fazer algo, e houve um primeiro dia, um segundo e já se passam mais de 10 anos, um dia de cada vez. Abandonei o paradigma do álcool em minha vida, a cada dia, me comprometo a fazer o meu melhor e a continuar a ser um alcoólico abstêmio.

Mas se eu não acreditasse não teria conseguido, se não houvesse investido, não haveria chegado até o hoje. E assim o é com tudo na vida. Devemos acreditar, dar ás costas a antigos paradigmas, caminhar na trilha do desafio, embora os outros sejam velhos conhecidos e até mesmo confortáveis, não nos levam a lugar algum.

Espero de alguma forma, ter contribuído e recomendo a todos a assistir o vídeo acima.

Um fraterno abraço a todos.