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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Minha homenagem aos guerreiros.

Hoje, comemoraremos mais um aniversário, mas este tem um significado especial, são 25 anos da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, é o nosso Jubileu de Prata.

E pensando nisto a pouco, na solidão de onde moro, estava ouvindo música, uma das poucas coisas que me apraz, e lembrei de algumas palavras que disse certa feita a meu filho do meio que atualmente está com 14 anos de idade, saudável e feio igual o pai.

Lhe disse: “A nossa vida é igual o dia, nasce com o sol e morre quando ele se põe. Ao chegarmos a esta vida, aspiramos e ao partirmos, expiramos. Ao chegar, abrimos os olhos e ao partir, fechamos. Faça de tudo para sua vida seja justa e perfeita, para que ao olhar para trás, se arrependa do que não fez e se por um acaso se arrepender pelo que tenha feito, que não carregue isto no peito por ter prejudicado pessoas. O meu sol está no período da tarde, esta mais próximo do poente do que do nascente. Infelizmente não estarei sempre a seu lado, chegará minha vez de ter o meu sol se pondo”.

Ele me olhou impassível (é incrível como ele se parece comigo em certos aspectos) e me perguntou porque estava lhe dizendo aquelas coisas. Lhe disse que apesar de ser como sou, amo muito a todos eles (são três) e que quero apenas o melhor para eles e que se pudesse, pouparia a todos de toda a tristeza do mundo, mas infelizmente, experiência não se transmite, não é repassada, experiência é adquirida, é conquistada.

Nunca a tão famosa frase “se eu pudesse voltar no tempo...” fez tanto sentido para mim. Experiência é algo a ser conquistado e quando a adquirimos, vemos que nossas vidas teriam sido muito mais fácil se a tivéssemos adquirido antes ou se tivéssemos escutado os conselhos dos mais velhos e tivéssemos pautado pelo que eles falavam e não pelo que achávamos, mas também aprendi que nunca é tarde...e aos que me criticam sobre investir o pouco ou muito que me sobra em atividades diversas, sempre digo:

“Não sei quando será o meu dia, pode ser que não consiga me aposentar, pode ser que sim. Pela legislação atual irei me aposentar (se tudo der certo) com mais ou menos 57 anos. Talvez possa fazer algo ainda, talvez possa não querer aproveitar minha aposentadoria, estou me preparando para o talvez, o que é certo já não me preocupo. Talvez a lei mude, e me aposente antes, então o que farei? Morrerei de tédio? Prefiro me preparar para o talvez.”

As vezes faço um retrospecto de minha vida e vejo que apesar de todos os percalços, posso me considerar um vencedor, de minha origem até o presente, muitas águas passaram por baixo da ponte e em alguns momentos as águas eram caudalosas e fortes, mas consegui me manter até o presente. É incrível o que a GCM me proporcionou até hoje e sempre digo que “Tudo o que sou e o que tenho, devo à GCM” e não estou sendo hipócrita. Quando assinei minha posse em 31/07/1992 era um garoto de 20 anos que pouco ou nada conhecia da vida, não tinha perspectiva de futuro (possuo muito mais hoje do que naquela época) e minha vida se resumia a acordar e ir trabalhar e do trabalho para casa, assistir televisão, jantar, dormir...e no outro dia, começar tudo de novo. Aos fins de semana, minha diversão era ouvir musica (algumas coisas não mudam...). E hoje, dezenove anos depois, no auge dos meus bem vividos 39 anos de idade e 19 de corporação, posso dizer de boca cheia que já “vi, ouvi e vivi” muito mais coisas que a maioria das pessoas que conheço. De tudo um pouco, vários tipos de pessoas, várias experiências (boas e más) e tudo isto me molda constantemente. As vezes sinto saudades da inocência que possuía ao entrar, mas não teria sobrevivido ao mundo daquela forma. A época que vivi na corporação era outra totalmente diferente de hoje, e quem não viveu não entende, não acredita e não tem como aprender apenas com os relatos dos mais antigos. O amor deixado e dado a nossa função vem destas vivências, aos que sobreviveram, pois quem trabalhou sério e hoje está de pé (veja bem, friso mais uma vez “trabalhou sério”) pode se considerar um sobrevivente, e em cada um de nós está um leão adormecido, uma fera implacável presa, pois os dias atuais não os comportam mais, mas que outrora foram fundamentais para a GCM. Outros não tiveram tempo de adormecer o leão ou de domar a fera, foram chamados para perto do CRIADOR e o sol se pôs para eles, ou a municipalidade entendeu que o tempo de serviço prestado chegara ao fim e foram escorraçados de nossas fileiras. Mais uma vez friso “os que trabalharam sério”.

Então, procuro viver cada dia da melhor forma, quero chegar ao fim da minha caminhada e poder olhar para trás e dizer:”Eu aproveitei ao máximo o dom da vida e, vivi. Se for punido, que seja pelo excesso de querer viver.”. Procuro aprender cada vez mais, as pancadas que recebi da vida serviram para amaciar o espírito (se bem que ainda ache que posso melhorar muito mais), e dedico grande parte de minha vida a nossa corporação, pois vivo mais com meus colegas de profissão do que com minha família.

Espero que um dia, nossa amada corporação chegue ao topo que ela merece e com isso, possa tratar melhor seus profissionais e que, os profissionais não sejam mais convidados a se retirar ou que se cansem de esperar e procurem outra atividade.

Quem sabe, os tempos de ouro retornam, é claro que moldados aos novos tempos e novas feras e leões surjam e façam história e que estas sejam contadas.

E as experiências vividas no passado encontrem similaridade com as deste futuro.

Aos guerreiros do passado, que estão com suas feras domadas e seus leões adormecidos, digo que nossas experiências não foram em vão, nos moldamos a elas e foram estas vivências que nos mantém de pé. Convoco-os a jamais esquecerem quem somos e fomos.

Meus sinceros parabéns aos grandes profissionais que fizeram esta pequena grande Corporação chamada Guarda Civil Metropolitana. Tenham certeza que, somos pequenos, mas incomodamos muito e, tenho certeza, a pedra no sapato ainda se tornará uma montanha e estaremos no cume olhando para baixo.